SUPER LIBERTADORES DAS AMÉRICAS
A Libertadores é o maior torneio de clubes da América e um dos mais tradicionais do mundo. Seu troféu icônico é o grande sonho de consumo da maioria dos torcedores da América do Sul. Mas ela pode ser melhor. Desde a saída dos clubes mexicanos, na temporada 2016, muitos pedem pelo seu retorno e até mesmo uma unificação do continente para os clubes da América do Norte e Central possam jogar. A ideia é muito interessante, mas envolve alguns desafios logísticos, de calendário e até mesmo políticos.
Para que a unificação seja possível, começamos tirando o primeiro e provavelmente o maior obstáculo do caminho. Um acordo entre Conmebol e Concacaf. Enquanto a Libertadores é o grande torneio de clubes da América do Sul, no norte também temos um torneio continental, a Copa dos Campeões da Concacaf, conhecida como concachampions. Em 2023, as duas federações anunciaram a criação de um mini torneio, que funcionaria como uma recopa entre os campeões e vices de cada torneio continental. Mesmo que até aqui a ideia não tenha saído do papel, já indica uma aproximação entre as entidades. Ainda assim, é pouco para que o plano siga adiante, então, para poder desenvolver a unificação, vamos imaginar o cenário ideal em que ambas as federações se fundem em uma grande federação de futebol das américas. Gerindo assim um torneio único.
O segundo obstáculo é o logístico: como ajustar calendários já sobrecarregados para acomodar longas viagens, como de Porto Alegre a Nova Iorque ou Vancouver? Minha proposta é dividir o torneio em duas zonas, Norte e Sul, até as semifinais. Cada zona teria 16 vagas na fase de grupos, sendo o Norte formado por clubes da América do Norte, Central, Caribe, e países como Colômbia, Equador, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa; e o Sul, por clubes do Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia e Peru. Essa divisão manteria viagens mais curtas na maior parte do torneio, deixando deslocamentos mais longas para, no máximo, dois jogos nas fases finais.
Tabela do torneio mostrando como seriam distribuidas as vagas para o sul e para o norte.
Com o novo sistema, uma nova distribuição de vagas terá que ser pensada. Nela, teremos uma menor concentração de clubes nos principais países e até países sem vagas diretas para a competição. Também seria necessário repensar o sistema de Pré-Libertadores.
Nos grupos Sul, as vagas seriam distribuídas da seguinte forma: uma para o time com melhor campanha no torneio anterior (campeão, vice ou semifinalista eliminado pelo campeão), uma para o campeão da Sul-Americana, quatro para o Brasil, quatro para a Argentina, duas para o Uruguai, uma para o Paraguai, uma para o Chile e duas decididas na Pré-Libertadores: uma entre os campeões de Peru e Bolívia, e outra entre os vices de Chile e Paraguai.
Para os grupos do Norte teriam que ser criados outros dois torneios. Um que abrangesse os times da américa central e do Caribe (incluindo Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa) e um torneio nos moldes da sul-americana com os times da América do Norte, Colômbia e Equador. Chamarei aqui de Copa Norte-Americana. Ficaria uma vaga para o time da divisão norte de melhor campanha no torneio anterior (campeão, vice ou semifinalista eliminado pelo campeão), uma vaga para o campeão da Norte-Americana, uma vaga para o campeão do torneio entre Caribe e América Central, duas vagas para MLS, três vagas para o México, três vagas para o Equador, três vagas para Colômbia e duas vagas de Pré-Libertadores, que virão dos confrontos ida e volta do quarto classificado colômbiano contra o quarto classificado equatoriano e o vice-campeão do torneio da América Central/Caribe contra o terceiro classificado da MLS.
Gráfico mostrando a divisões de vagas proposta no texto.
O torneio em si teria um regulamento muito parecido com o atual. As principais mudanças estão na Pré-Libertadores, que seria simplificado para ocupar menos datas e ao invés de ter confrontos definidos por sorteio, seria direcionado para garantir uma distribuição de vagas mais justa. A ordem do mando de campo alternaria a cada temporada.
Por que limitar a presença de clubes do Brasil e Argentina nas semifinais seria vantajoso?
Dos 24 campeões deste século, 20 foram desses dois países, e desde a saída dos mexicanos, 7 dos últimos 8 títulos ficaram com clubes brasileiros. Essa dominância técnica reduz a competitividade e o interesse no torneio. Para equilibrar forças, é essencial redistribuir vagas, incentivando a participação de outras nações. Ainda assim, Brasil e Argentina continuariam como favoritos e receberiam a maior quantidade de vagas (quatro para cada).
Por que Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa disputariam o torneio da América Central/Caribe?
Proximidade geográfica, cultural e de nível técnico.
Por que Colômbia e Equador disputariam com a América do Norte?
Proximidade Geográfica nivelamento técnico na distribuição de vagas.
Por que tantas vagas para o México e MLS?
São os principais times do torneio continental da Concacaf, nível técnico e poder de investimento que atrai grandes nomes do futebol mundial.
Para você, como seria possível viabilizar a fusão entre Conmebol e Concacaf, considerando os desafios políticos e logísticos? E de que maneira um torneio unificado poderia atrair mais patrocinadores e conquistar uma audiência global maior, sem comprometer a identidade da Libertadores?Quais são suas ideias e sugestões para esses pontos?