Os deputados Brasileiros nao tem a mínima noção do que estão fazendo, lula vetar projeto de diabetes tipo 1 foi necessário
Eu estava lendo sobre o veto do presidente Lula ao projeto que queria transformar a diabetes tipo 1 em deficiência para todos os fins legais, e sinceramente, acho que ele acertou em cheio. Apesar da intenção de ajudar, os deputados não pensaram direito nas consequências de uma medida como essa.
Vamos lá: no Brasil, tem mais de 500 mil pessoas vivendo com diabetes tipo 1. Se todo mundo com essa condição fosse considerado deficiente, isso geraria uma confusão enorme. A gente está falando de direitos como isenção de impostos para comprar carro, vagas reservadas em universidades e concursos públicos, que seriam estendidos para um grupo muito grande de pessoas.
E qual seria o problema disso? Bom, essas políticas existem para ajudar quem realmente enfrenta barreiras que não dá para contornar, como cadeirantes, pessoas com deficiência visual, auditiva ou paralisia cerebral, por exemplo. São situações em que, mesmo com tratamento ou apoio, as limitações ainda estão ali, impedindo que essas pessoas tenham igualdade de oportunidades.
Agora, no caso da diabetes tipo 1, a realidade é outra. Sim, é uma doença séria, crônica e que exige cuidados diários. Mas existe tratamento, e o SUS oferece tudo: insulina, exames, acompanhamento médico. Se a pessoa tem acesso ao tratamento, ela consegue levar uma vida ativa, trabalhar, estudar e realizar tudo o que quiser, sem as limitações que outras deficiências impõem.
Se essa lei fosse aprovada, seria como "esvaziar" as cotas e benefícios. Afinal, se meio milhão de pessoas entrassem no sistema, quem realmente precisa ficaria prejudicado. Não dá para equiparar as dificuldades enfrentadas por uma pessoa com diabetes bem controlada com as de alguém que não consegue se locomover, enxergar ou ouvir, por exemplo.
Sem falar no impacto financeiro. Isenção de impostos, principalmente na compra de carros, geraria um custo enorme para o governo. Recursos que poderiam ser usados em áreas mais urgentes, como saúde e educação, seriam drenados por uma medida que, no fundo, não resolve o problema de ninguém.
Eu acho que o veto do Lula foi importante para proteger o equilíbrio dessas políticas. Isso não quer dizer que pessoas com diabetes tipo 1 não precisem de apoio, muito pelo contrário. O que precisamos é melhorar o acesso ao tratamento, oferecer mais suporte psicológico e educacional, investir em campanhas de conscientização.
Transformar a diabetes em deficiência legal parecia uma ideia boa, mas, no final das contas, só traria problemas. E, dessa vez, Lula tomou a decisão certa.
Edit: Para todos que me acusam de não entender a vida de uma pessoa com DM1 ou o impacto de condições como hipoglicemia, gostaria de esclarecer: sou médico e atendo regularmente pacientes com DM1. Entendo os desafios e as limitações que a doença impõe. No entanto, existem outras condições que, do mesmo ponto de vista, também poderiam ser consideradas deficiências – e algumas delas são ainda mais graves e debilitantes. O câncer, por exemplo, especialmente aquele com forte componente genético, pode ser muito mais agressivo, fatal e impactante.
No meu entendimento, não é coerente considerar o DM1 como deficiência sem aplicar o mesmo critério a casos de câncer geneticamente determinados, que, mesmo com tratamento eficaz e possível cura, deixam marcas permanentes e alteram profundamente a vida do paciente.